O desespero da incerteza do porvir é o centro de O Salão de Baile Elétrico
Michel Fernandes, do Aplauso Brasil/ iG (Michel@aplausobrasil.com)
SÃO PAULO – Chega a causar certa vertigem os longos solilóquios, repletos de detalhes, que são disparados num ritmo que só preserva espaços para a respiração necessária para que os atores de Salão de Baile Elétrico, em cartaz apenas às sextas e sábados no Auditório SESC Pinheiros, consigam transmitir claramente as palavras criadas por Enda Walsh. Ao dirigir com a simplicidade desejável para dar à luz a poesia do texto interpretada com talento indiscutível, Cristina Cavalcanti desnuda o desespero ansioso do porvir incerto.
São três irmãs que dividem o mesmo teto, sendo que as duas mais velhas – Breda (Angela Barros) e Clara (Lilian Blanc), ambas em interpretações viscerais, a sobrevoar entre o drama, o patético, a volúpia, entre outras paixões, com vigor e talento – compartilham o trauma da frustração de um relacionamento amoroso não efetivado. O medo ou covardia faz com que ambas permaneçam confinadas na casa revivendo os fatos ocorridos no baile elétrico que motivou suas exclusões do convívio com o tempo real que são compartilhados com Ada (Andréa Tedesco, em excelente interpretação). Leia mais »