Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (aplauso@gmail.com)

"Na Selva da Cidade"
Aderbal Freire-Filho é um diretor que, entre tantas qualidades, consegue estabelecer precisa comunicação entre plateia e ator, no que diz respeito à total compreensão do texto que ele transmite aos intérpretes com quem trabalha, certamente seja por isso que 11 a cada 10 atores queiram ser dirigidos por ele. E assim o é em seu percurso pela obra do dramaturgo alemao, Bertolt Brecht, em Na Selva da Cidade, em cartaz no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro.
No elenco, Daniel Dantas, Fernanda Boechat, Inez Viana, Joelson Medeiros, Leonardo Netto, Marcelo Olinto, Maria Luisa Mendonça, Milton Filho e Patrick Pessoa vivem os personagens de Na Selva da Cidade, oitavo texto do poeta, dramaturgo e encenador alemão Bertolt Brecht. Escrita entre 1921 e 1923, sob o titulo Na Selva e retrabalhada entre 1926 e 1927, quando foi publicada sua versão final. A trama se passa em Chicago no ano de 1912 e conta a saga da família GARGA, que deixa o campo em busca de melhores condições de vida na cidade. Na grande metrópole, o convívio urbano se mostra desumano, brutal e sarcástico. O foco da ação está na luta violenta entre dois homens, que se inicia quando um deles – GEORGE GARGA – não admite vender sua opinião ao outro, o comerciante de madeira malaio SHLINK .

"Na Selva da Cidade"
Em entrevista exclusiva concedida ao Aplauso Brasil, Aderbal Freire-Filho fala mais sobre a montagem que é apresentada pela última vez no Rio de Janeiro, depois da antológica montagem do Teatro Oficina, em 1969.
Aplauso Brasil – Como a dramaturgia se completou na cena, esta versão de Na Selva
das Cidades conta com alguma modificação? Como está a dramaturgia?
Aderbal Freire-Filho – Não fiz nenhuma modificação essencial, estrutural. Sendo uma peça escrita por um jovem de 22 anos, já é suficientemente desestruturada, ou “moderna”, se preferem. Não precisa que ninguém desmonte sua estrutura e faça uma “nova” leitura por aí. E é uma peça genial. Brecht diz que na época era muito ligado nos sons das palavras, que ficava andando pelas alamedas perto de sua casa e escrevendo, usando algumas palavras pelos sons. Por isso, é uma peça muito poética. Sua poesia livre, solta, e também metafísica, tem na sua origem uma liberdade que não precisa de outras. Digo, dramatúrgicas. Porque a montagem tem a liberdade cênica de que toda montagem precisa para respirar.
Aplauso Brasil – Há uma escrita cênica também, ou seja uma dramaturgia da
encenação? Como ela surge e como ela é? Leia mais »